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Os estranhos problemas de saúde dos astronautas que ficaram retidos no Espaço

O plano era ficarem apenas oito dias, mas um problema técnico fez com que ficassem retidos durante nove meses no espaço, o que pode trazer muitas consequências à saúde dos astronautas

Assunção Vilar
19 mar, 12:55
Fonte: Agência Lusa

Passar uma longa jornada no espaço parece ser uma experiência marcante e desafiante, mas depois de um longo período em microgravidade, o corpo precisa de se readaptar às condições terrestres, o que pode causar desde perda de massa óssea e muscular a problemas de visão e até mesmo “pés de bebé”.

Este é o caso dos astronautas da NASA, Butch Wilmore e Suni Williams, que, após nove meses na Estação Espacial Internacional, regressaram para a Terra esta terça-feira. Amararam nas águas do Golfo do México, ao largo da costa da Flórida, a bordo de uma cápsula da SpaceX.

A descida foi acompanhada em direto pela NASA, com o controlo da missão a saudá-los com um “Bem-vindos a casa”, ao que o comandante da cápsula respondeu: “Que viagem!”.

A recuperação na Terra: problemas de saúde

De acordo com o site Today, durante o tempo passado no espaço, os astronautas vivem num ambiente de microgravidade, onde o corpo não precisa de suportar peso.

Como consequência, os ossos tornam-se mais fracos, os músculos atrofiam e o sistema de equilíbrio fica desorientado ao regressar à Terra. Para combater esses efeitos, os astronautas vão ter de realizar exercícios diários, mas mesmo assim, sentem um impacto significativo quando voltam para casa.

Perda de Massa Óssea e Muscular - De acordo com a NASA, os ossos podem perder cerca de 1% da sua densidade por cada mês no espaço, afetando principalmente as pernas, ancas e coluna. Sem a necessidade de suportar peso, os músculos também enfraquecem, aumentando o risco de quedas e fraturas quando os astronautas regressam.

Diminuição de Altura - No espaço, a coluna vertebral expande-se, fazendo com que os astronautas cresçam alguns centímetros. No entanto, ao voltar à Terra, os discos da coluna comprimem-se novamente, causando dores nas costas. Alguns astronautas relatam dor intensa e desconforto nos primeiros dias após o regresso.

Problemas de Visão - Sem a ação da gravidade, os fluidos corporais deslocam-se para a cabeça, o que pode aumentar a pressão sobre os olhos e afetar a visão. Esta condição, conhecida como Síndrome Neuro-Ocular Associada a Voos Espaciais, pode provocar inchaço do nervo óptico, alterações na retina e visão turva. Algumas dessas mudanças podem ser permanentes.

Pés de Bebé - Como os astronautas flutuam no espaço, os pés deixam de suportar peso e a pele das solas torna-se extremamente macia. Muitos relatam que, ao regressarem, sentem sensibilidade extrema nos pés e dificuldade em caminhar, uma vez que a pressão exercida pelo solo se torna desconfortável.

Irritação da Pele - A falta de estímulo na pele durante longos períodos pode levar ao desenvolvimento de irritações e sensibilidade após o regresso. Um astronauta que passou quase um ano no espaço relatou ter desenvolvido uma erupção cutânea que durou alguns dias e precisou de tratamento com medicamentos e hidroterapia.

Depois de aterrarem, os astronautas são submetidos a exames médicos rigorosos para garantir que estão aptos a regressar às suas rotinas. Durante os primeiros dias, sentem tonturas, náuseas e dificuldades em manter o equilíbrio, pois o sistema vestibular precisa de se reajustar à gravidade terrestre.

O plano era ficarem apenas oito dias, mas ficaram retidos durante nove meses

Butch Wilmore e Suni Williams encerraram uma missão inesperadamente prolongada, que começou em junho, e partiram da Estação Espacial Internacional, juntamente com dois outros astronautas, numa cápsula que aterrou na costa da Florida, no sudeste dos Estados Unidos, esta terça-feira.

Wilmore e Williams deveriam ter estado no espaço apenas uma semana, de acordo com os planos do primeiro voo de astronautas efetuado pela Boeing.

Porém, em junho, a cápsula do Boeing Starliner deparou-se com tantos problemas que a NASA insistiu para que regressasse vazia, deixando para trás os pilotos que realizaram esse teste, e que agora foram resgatados através de um voo da SpaceX.

Entretanto, houve ainda mais atrasos, quando uma cápsula nova da SpaceX, que devia ter transportado os substitutos dos dois astronautas da NASA há algumas semanas, necessitou de amplas reparações nos sistemas de baterias.

Uma cápsula mais antiga da empresa de Ellon Musk tomou então o lugar da anterior, e a operação pôde agora prosseguir.

 

O momento em que os astronautas saíram da cápsula:

 

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