A caravela portuguesa está a dar que falar em Espanha, depois de as imagens de um homem que foi picado terem chocado pela gravidade dos ferimentos. Javier Díaz Guereñu, de 58 anos, foi vítima de uma destas espécies gelatinosas, e acabou com queimaduras graves na pele.
De acordo com o El Mundo, o homem foi picado na praia espanhola de Ondarreta, em San Sebastian. “Senti uma descarga elétrica brutal e achei que ia morrer”, contou a vítima ao jornal basco ‘El Diario Vasco’. “Se tivesse acontecido noutra altura e sem pessoas por perto, nunca teria conseguido sair da água", recorda. Javier sofreu convulsões e teve de ficar hospitalizado durante 10 horas após ser picado.
A poluição, o aumento da temperatura da água e a diminuição dos predadores são as principais causas da presença deste tipo de organismos na costa espanhola. E neste verão, em várias praias da Galiza e do País Basco, as autoridades tiveram mesmo de proibir os banhos devido à presença caravelas-portuguesas.
De acordo com o site do programa do IPMA GelaAvista, que monitoriza os organismos gelatinosos em toda a costa portuguesa, a caravela-portuguesa flutua na superfície do mar impulsionado por ventos e correntes, com a ajuda do pneumatóforo, um flutuador em forma de balão. Os seus tentáculos podem atingir até 30 metros de comprimento.
De acordo com a médica Liliana Beirão, do Hospital da Luz, a caravela-portuguesa tem uma bolsa cheia de gás de cor roxa-azulada e tentáculos, que tornam a sua picada muito dolorosa e passível de provocar queimaduras graves. Tem tendência para permanecer à superfície das águas em horas de sol menos intenso, pelo que é maior o risco de ser encontrada pela manhã, ao final da tarde e à noite.
A especialista deixa conselhos sobre o que fazer após uma picada:
• Lavar a zona afetada com água do mar, com cuidado e sem esfregar;
• Não use água doce, álcool ou amónia na área afetada;
• Para aliviar a dor, o tratamento mais eficaz é remover os fragmentos de tentáculos que tenham ficado na vítima. Para isso, use luvas, uma pinça de plástico, soro fisiológico ou água do mar. Não tente remover os fragmentos diretamente com as mãos;
• Uma vez removidos os tentáculos, aplique bandas quentes ou outra fonte de calor na região afetada durante cerca de 20 minutos para ajudar a aliviar a dor e a inflamação;
• O uso do vinagre pode ser considerado, apesar de ser controverso, para prevenir a libertação de toxinas. Em nenhum caso se deve aplicar urina ou álcool na região afetada;
• Aplique uma camada fina de pomada própria para queimaduras;
• Se depois destes passos não sentir alívio da dor, deve procurar ajuda médica, numa urgência hospitalar.
Esta espécie ocorre com frequência ao longo da costa portuguesa, incluindo Açores e Madeira e é a mais perigosa de todas os gelatinosos que ocorrem em Portugal. De acordo com a mesma entidade, o contato direto deve sempre ser evitado e em caso de contacto inadvertido, deve limpar-se com cuidado e aplicar vinagre e/ou compressas quentes sobre a região afetada.
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— GelAvista (@GelAvista) August 25, 2023