Casas muito quentes no verão e muito frias no inverno. O problema não é novo e apesar das melhorias registadas desde 2014, a habitação em Portugal ainda sofre de problemas de eficiência energética.
De acordo com o relatório Energia em Números de maio de 2024, apenas 5% das casas tem uma classificação energética de A+, a melhor. Este número é inferior ao da classe F (a pior), que representa 8% do parque habitacional.
O resultado de uma casa pouco eficiente em termos energéticos é um consumo de energia excessivo, uma vez que é preciso usar mais meios para a arrefecer nos dias quentes e para a aquecer nos dias frios.
O mesmo relatório diz que se todas as sugestões de melhoria fossem implementadas, a poupança de energia no setor residencial podia chegar aos 62%.
Classes C e D representam quase metade dos certificados
65% das habitações com certificado energético não consegue uma classificação superior a C. A classe mais presente é a D (22%), seguida das classes C (21%), E e A (ambos com 14%).
Ainda assim, vale a pena destacar que a eficiência energética das casas portuguesas tem vindo a melhorar. Em 2014 apenas 10% dos certificados emitidos tinham uma classe igual ou superior a B. Já em 2023, este número subiu para 41%.
Quando emitem os certificados, os peritos apontam um conjunto de melhorias possíveis que ajudariam a otimizar o consumo de energia. De acordo com o relatório Energia em Números, se todas elas fossem implementadas, a poupança energética das habitações portuguesas poderia chegar aos 62%.
As áreas que precisam de mais intervenções são as paredes, coberturas, equipamentos de AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) e equipamentos para produção de água quente sanitária.
Com um investimento médio de quase nove mil euros, as obras para melhoria da eficiência energética permitiriam uma poupança anual média de cerca de 1.100 euros.
Iluminação e ar condicionado são o ponto fraco no comércio
No setor do comércio e serviços, “predominaram as classes B- e C, representando um total de 69% do parque certificado”, aponta o relatório. O mesmo documento diz ainda que isso significa que "a maioria do parque certificado apresentava uma classe energética muito próxima dos patamares mínimos exigidos para edifícios novos”.
Desde 2014, foram propostas 268 mil medidas de melhoria, cuja grande maioria (67%) é referente à iluminação e aos sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado. Se todas fossem implementadas, a poupança de energia seria de 12% em relação ao consumo atual. O investimento médio seria de 14.183 e permitiria uma poupança média de 1.594 euros.
O relatório Energia em Números é da autoria do Observatório da Energia, da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) e da Agência para a Energia (ADENE)