Já ouviu falar da erva-das-pampas? Esta planta que faz parte de muitas paisagens portuguesas é na verdade uma espécie invasora que se espalhou ao longo do litoral. Além do impacto que tem em outras plantas, é um problema para a saúde.
Em declarações à agência Lusa, a bióloga Hélia Marchante, professora da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), explicou que a erva-das-pampas, originária das planícies da América do Sul, é, neste momento, uma ameaça descontrolada e um problema de saúde pública em Portugal.
Além de se espalhar rapidamente pelo território, esta planta provoca alergias fora de época por florir e soltar sementes desde meados do verão até à entrada do outono. Isto faz com que possa provocar picos de alergias respiratórias tardios.
Mas este não é o único impacto da planta. As suas folhas finas e compridas têm o potencial de provocar ferimentos na pele, sendo comum fazerem cortes nas mãos e dedos de quem as manuseia. Não é à toa que o seu nome científico é “cortadeira selloana”.
A planta pode chegar a atingir quatro metros de altura e só as suas plumas – a zona mais visível e “atrativa da tão bonita” planta – podem medir um metro. É nesta zona que se concentras as minúsculas sementes que facilmente se espalham.
Como se espalha a erva-das-pampas e como podemos controlá-la
À Lusa, a bióloga Hélia Marchante explicou que as sementes se espalham com a ajuda do vento, que as puxa para terrenos férteis, como os que estão nas bermas das estradas.
A floração começa a acontecer em meados de agosto e a planta larga sementes até novembro. O período entre o final do ano e maio é o melhor para arrancar a erva-de-pampa da terra sem o perigo de espalhar as suas sementes.
Há também uma campanha em curso que ensinas as pessoas a remover as plumas, para ajudar a evitar a propagação da planta. Ainda assim, a bióloga acredita que o cidadão comum não tem meios para fazer o controlo da espécie invasora.
Hélia Marchante defende que tem de haver biossegurança quando se faz a limpeza nas beiras das estradas e outros espaços verdes. A maquinaria que corta estas plantas acaba por ficar com pólen agarrado, espalhando-o depois por outras zonas.
Como chegou a Portugal a erva-das-pampas
Esta planta terá chegado a Portugal há cerca de 20 anos como planta ornamental e acabou por se espalhar entre o norte do Porto e o sul de Aveiro. Na altura, as ervas-das-pampas que chegavam eram “femininas”, ou seja, não largavam pólen. Mais tarde, por acidente, entraram sementes que germinaram as plantas masculinas, explicou a bióloga, acrescentando que foi aqui que começou o verdadeiro problema.
Entretanto, a legislação nacional de 2019 proibiu o cultivo, criação, comércio, introdução na Natureza e repovoamento da erva-das-pampas. Ainda assim, a espécie tem-se espalhado sozinha pelas bermas das estradas, ao longo da ferrovia e em terrenos tanto públicos como privados.