Mais de um quarto dos portugueses admite que é difícil pagar as suas contas e cumprir as suas obrigações financeiras quando são devidas, de acordo com o estudo “O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental”.
Este estudo, desenvolvido pelo Doutor Finanças em parceria com a Laicos - Behavioural Change, e com a chancela científica da NOVA IMS e da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL), tem como objetivo compreender o estado atual do bem-estar financeiro dos portugueses, analisando atitudes, comportamentos e conhecimento neste domínio de uma amostra representativa da população.
Os resultados revelam que grande parte da população portuguesa enfrenta desafios em relação às suas finanças pessoais. Menos de um terço dos portugueses considera que está no caminho certo para atingir os seus objetivos financeiros, um em cada quatro tem dificuldade em pagar as contas e quase metade sente stress todos os dias devido à sua condição financeira.
Ao mesmo tempo, os portugueses têm um baixo nível de conhecimento financeiro, inferior ao dos alemães em 2009.
22% dos portugueses consideram que têm demasiadas dívidas
No que respeita ao endividamento, o estudo mostra que apenas 22% dos portugueses tem a perceção subjetiva que tem demasiadas dívidas neste momento. Além disso, 33% considera que os seus encargos mensais relacionados com prestações de crédito são demasiado elevados para os rendimentos dos seus agregados. Um em cada quatro portugueses admite mesmo ter dificuldades em pagar a suas contas e cumprir as suas obrigações financeiras.
“Este padrão de resultados evidencia que a maior parte dos portugueses perceciona que não tem um nível de endividamento demasiado elevado. No entanto, existe uma percentagem significativa da população que experiencia uma pressão elevada dos seus encargos com dívidas”, lê-se no relatório.
Portugueses que ganham menos de 11.824 euros têm um nível de endividamento acima da média nacional
O estudo "O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental" divide os rendimentos em quatro patamares.
O primeiro compreende rendimentos até 8.287 euros. O segundo, entre os 8.288 euros e os 11.824 euros, e o terceiro entre os 11.825 euros e os 17.092 euros. Por fim, o quarto patamar engloba os rendimentos superiores a 17.092 euros.
De acordo com este escalonamento, o estudo concluiu que o nível endividamento é maior no primeiro e no segundo escalão, ficando estes dois escalões acima da média nacional.
Além dos rendimentos, também o nível de escolaridade e a idade revelaram ter influência no nível de endividamento dos participantes no estudo.
A investigação mostra que os portugueses que concluíram apenas o ensino secundário, encontram-se numa situação financeira pior em relação a quem tem um curso superior.
Já no que respeita à idade, a análise aponta para uma “diferença estatisticamente significativa entre a população com mais de 60 anos e aqueles que estão entre os 35 e 59 anos". De acordo com os dados, a faixa etária entre os 35 e 59 anos é a que demonstra um maior nível de endividamento.
Por fim, a comparação entre sexos não revelou diferenças significativas nos níveis de endividamento.
No estudo “O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental”, de forma a garantir uma amostra demograficamente representativa de Portugal, foi utilizado o método de recolha de amostragem por quotas, habitualmente usado em sondagens de opinião em Portugal, utilizando os seguintes parâmetros para definir as quotas amostrais: Sexo, Idade, Zona Geográfica e Nível de Rendimento por Adulto Equivalente. O cálculo da amostra do estudo teve em conta um intervalo de confiança equivalente de 95%, com uma margem de erro de 3,5%.
Assim, em janeiro de 2024, foram recolhidas respostas de 800 pessoas entre os 18 e os 75 anos com naturalidade portuguesa e a residir em Portugal à data de participação do estudo.