Luis Garavito ficou conhecido por ‘A Besta’. Mas a alcunha aplicada ao colombiano revela-se um eufemismo quando se percebe a dimensão dos crimes cometidos por aquele que é considerado o pior assassino em série em todo o mundo.
A cumprir pena de prisão, o homem que violou, torturou, mutilou e matou mais de 190 crianças e jovens pode conquistar a liberdade condicional já no próximo ano, por bom comportamento na cadeia.
Garavito confessou, no início, ter assassinado 140 menores, mas a investigação conseguiu provar um total de 193 vítimas entre os seis e os 16 anos, em crimes cometidos na década de 90. Ainda assim, acredita-se que o número de vítimas ascenda às 300.
Aproveitando-se da vulnerabilidade de crianças que viviam nas ruas da Colômbia, o homem fazia passar-se por monge ou padre e atraía os menores em troca de refrigerantes ou dinheiro.
A investigação teve início quando a polícia encontrou uma vala comum com mais de 35 crianças, na maioria rapazes, que apresentavam sinais de violência, agressão sexual e tortura prolongada. As autoridades só começaram a suspeitar de Garavito quando este adormeceu numa cena de crime, com um cigarro na mão, levando a um incêndio rural. Na fuga ao fogo, o homicida sofreu queimaduras e deixou para trás várias pistas como roupa interior, óculos, sapatos ou dinheiro.
A polícia acabaria por encontrar uma mala com várias fotografias de crianças, um diário com os crimes descritos em detalhe e uma contagem das vítimas. Garavito viria a ser condenado, em cúmulo jurídico, a 1853 anos e nove dias de prisão, a sentença mais longa da história da Colômbia. Porém, o país tem pena máxima de 40 anos e prevê liberdade condicional a meio da pena por bom comportamento na cadeia, o que pode acontecer já no ano que vem.
O homem chegou a pedir liberdade condicional no ano passado e a própria entidade gestora da penitenciária pediu ao tribunal que lhe fosse concedida uma saída precária pelo seu comportamento "exemplar" na prisão.
Também ele vítima de abusos na infância, Luis Garavito chegou a procurar várias vezes ajuda psiquiátrica por sintomas de psicose, paranóia e depressão. Em 2006, numa entrevista, o assassino chegou a afirmar que gostava de prosseguir uma carreira política para ajudar crianças vítimas de abuso.