Comprar uma casa usada pode ser uma excelente oportunidade, mas também um desafio. O mercado imobiliário está mais caro e competitivo do que nunca e, por isso, cada detalhe conta. Quem quer comprar uma casa usada precisa de avaliar muito mais do que o valor anunciado. Obras, documentação e estado do imóvel podem ditar se está perante um bom investimento ou um erro disfarçado de oportunidade.
Descurar o estado da casa é o primeiro erro
Por fora, tudo pode parecer perfeito. Mas as verdadeiras surpresas surgem depois. Muitas casas usadas escondem problemas de canalização, eletricidade ou humidade. Uma simples remodelação de cozinha pode custar entre 8 mil e 15 mil euros, e uma casa de banho ultrapassar facilmente os 5 mil.
Antes de avançar, peça sempre uma avaliação detalhada e orçamentos de obras. Assim, evita cair no erro de subestimar os custos. E lembre-se: remodelar pode valorizar o imóvel, mas só se tiver margem financeira para o fazer.
Visitar uma vez não chega
Um erro comum é visitar o imóvel apenas uma vez. Vá em diferentes horas do dia, observe a luminosidade, o ruído e o movimento da zona. Repare em fissuras, manchas ou cheiros a mofo.
Teste tudo: torneiras, pressão da água, interruptores, janelas e persianas. Se possível, veja também o estado das partes comuns do prédio. Desde as escadas ao elevador e até o telhado. Um olhar atento pode poupar-lhe milhares de euros em reparações futuras.
Avançar sem confirmar documentos é arriscado
Nenhum negócio deve ser feito sem garantir que a documentação está em ordem. Peça a caderneta predial, a certidão do registo, a licença de utilização e o certificado energético.
Se faltar algum destes documentos, o banco pode recusar o crédito ou a escritura pode ser adiada. Nos apartamentos, confirme ainda se não há dívidas ao condomínio. Comprar uma casa usada sem esta verificação é um risco que não deve correr.
Assinar o CPCV sem perceber tudo pode custar caro
O Contrato Promessa de Compra e Venda (CPCV) é o passo que antecede a escritura e protege ambas as partes. No entanto, muitos compradores assinam sem ler com atenção.
Antes de assinar, analise cada cláusula e, se possível, recorra a apoio jurídico. O CPCV define o valor do sinal (geralmente entre 10% e 20% do preço) e o que acontece em caso de desistência. Se for o comprador a recuar, perde o sinal; se for o vendedor, devolve-o em dobro.
Negociar mal é perder poder e dinheiro
Saber negociar faz toda a diferença. Use a informação a seu favor: se o imóvel precisa de obras, apresente orçamentos e justifique uma redução de preço. Compare valores de casas semelhantes e apoie-se em dados do INE ou de avaliações bancárias.
Negociar não é só baixar o preço. Pode também conseguir melhores prazos para a escritura ou reduzir o valor do sinal. Mostrar que tem outras opções dá-lhe força na mesa das negociações.