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A SGD Gender Index, um grupo que junta várias organizações não-governamentais, publicou um relatório onde refere que nenhum país alcançou ainda a promessa de igualdade de género descrita nos objetivos das Nações Unidas para 2030. O documento aponta mais de 800 milhões de mulheres e raparigas a serem sujeitas a vários tipos de restrições e abusos.
Numa escala que vai de “Muito Bom” a “Muito Pobre”, o relatório da SGD Gender Index mostra que entre 2019 e 2022 foram cerca de 40% os países que estagnaram ou retrocederam nas medidas para alcançar a igualdade de género pedida pelas Nações Unidas.
Esta percentagem de países alberga mais de mil milhões de mulheres e raparigas que o relatório aponta estarem a ser empurradas para vários tipos de abusos como gravidezes forçadas, casamentos infantis e restrições no acesso à educação.
De todos os países analisados são muitos os que apresentam uma classificação de “Bom” mas apenas um tem uma categorização de “Muito Bom”: a Suíça. Mais de 800 milhões de mulheres vivem em países classificados como “Pobre” e mais mil milhões estão em países classificados como “Muito Pobre”.
Em Portugal, o cenário é classificado como “Justo”, uma categoria abaixo de “Bom”. De 2015 até 2022, a igualdade de género no nosso país teve uma evolução estável, mas positiva, caminho que deve prosseguir até 2030. No entanto, o relatório aponta que a velocidade a que este processo está a decorrer no nosso país é mais lenta do que devia.
Os piores países no que concerne ao tratamento às mulheres encontram-se na África Subsariana, Médio Oriente e alguns países asiáticos, como Bangladesh e Myanmar.
Ainda de acordo com o relatório, “se a tendência atual continuar, a igualdade de género global só irá acontecer no século XXII”, explicando-se também que “uma rapariga que nasça hoje terá de esperar até ao 97.º aniversário – o que ultrapassa a sua esperança média de vida – para celebrar uma sociedade igualitária”.
Esta pesquisa traça ainda um “cenário abismal” e avisa que as condições para atingir a igualdade de género podem piorar até 2030, lembrando as mudanças climáticas, os conflitos armados e outras ameaças para a democracia. São dados preocupantes, já que a maioria dos países em todo o mundo aceitaram o repto das Nações Unidas até 2030.
Os maiores retrocessos dos últimos anos aconteceram no Afeganistão, especialmente após a chegada dos Talibã ao poder, na Polónia e nos Estados Unidos. Os dois últimos encontram-se incluídos devido às mudanças nas leis do aborto.
Em países como o Sudão, Myanmar ou Ucrânia os retrocessos podem ser explicados pelo desencadear de conflitos armados. O relatório aponta mesmo que mais de 600 milhões de mulheres e raparigas vivem atualmente em cenários de conflito, um número superior ao registado em 2017.
Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders