Há uma plataforma que quer combater o desperdício do pescado em Portugal
O que mais preocupa os jovens portugueses? O aumento do custo de vida, revela estudo.
Emergn expande atividade em Portugal e abre vagas para novos talentos
Em média, os trabalhadores portugueses relatam níveis relativamente baixos de discriminação com base na idade. No entanto, 33,5% relataram níveis moderados e elevados deste tipo de discriminação. Os mais jovens (18-35 anos) referiram os níveis mais elevados de perceção de discriminação: 42,3% referiram níveis moderados ou elevados em comparação com 28,6% dos trabalhadores de meia-idade e 25,6% dos trabalhadores mais velhos. Esta discriminação verifica-se em todas as fases do emprego, do recrutamento à promoção ao despedimento.
Estas são algumas das conclusões de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), que foi revelado hoje, Dia Internacional da Juventude, e que pretende perceber melhor a natureza e as consequências dos preconceitos dirigidos aos trabalhadores em função da idade.
O estudo “Compreender o idadismo em relação aos trabalhadores mais jovens e mais velhos”, coordenado por David Patient, professor catedrático de Liderança na Vlerick Business School (Bélgica), realça que “o idadismo continua a ser pouco estudado, especialmente quando se trata de preconceitos direcionados aos mais jovens”.
Segundo o estudo, as decisões de recursos humanos e de pessoal que envolvem trabalhadores mais jovens e mais velhos são frequentemente enviesadas em função da idade – “está provado que o idadismo afeta estas as decisões”.
Alguns dos estereótipos em relação aos trabalhadores mais jovens incluem descrições como sendo pessoas pouco empenhadas, com pouca ética de trabalho, arrogantes e argumentativas (negativos), mas também orientadas para objetivos, conhecedoras de tecnologia, inovadoras, ansiosas e inteligentes (positivos). Além destes, há a generalização de que os jovens devem aceitar um estatuto inferior na organização e não desafiar a hierarquia ou o status quo.
Os autores tentaram também compreender o perfil dos comportamentos idadistas em relação aos trabalhadores mais jovens, concluindo que estes estereótipos são mais suscetíveis de serem subscritos por trabalhadores de meia-idade e, sobretudo, mais velhos e por trabalhadores com opiniões ligadas ao espectro ideológico da direita conservadora.
A dimensão, o setor de atividade e a localização das organizações não afetaram o idadismo no local de trabalho. No entanto, os trabalhadores de organizações com uma cultura mais flexível e moderna referiram menos discriminação em função da idade. Curiosamente, nem o género nem o nível de educação afetou o sentimento de discriminação com base na idade.
Ainda de acordo com o estudo, este tipo de discriminação pode constituir um obstáculo à retenção de talento e ao pleno aproveitamento dos trabalhadores mais velhos, podendo levar à reforma antecipada. Em relação aos mais jovens, pode levar a que não se sintam valorizados, que sejam considerados menos competentes, que tenham menos oportunidades de desenvolvimento, bem como que tenham salários mais baixos e menos acesso a benefícios, e que sofram perturbações no equilíbrio entre vida profissional e privada. Além disso, “esta situação pode levar a mais conflitos interpessoais no local de trabalho, menor satisfação no trabalho, maior desejo de abandonar a organização, aumento dos níveis de stress, pior saúde mental e física em todos os grupos etários”, aponta a investigação.
Os autores deixam claro que, com o rápido envelhecimento da população e com os desafios que isto coloca ao mercado de trabalho, o combate ao idadismo deve ser uma prioridade em Portugal. Os decisores políticos devem ter como prioridade iniciativas para combater a discriminação com base na idade, de forma a construir uma sociedade mais equitativa e inclusiva, sugerem.
“Uma vez que é a qualidade do contacto interpessoal, e não a sua frequência, que melhora as atitudes e as relações entre trabalhadores de gerações diferentes, deve-se promover a criação de oportunidades de contacto intergeracional positivo nas organizações através, por exemplo, de atividades de formação de equipas intergeracionais, bem como de programas de mentoria e de mentoria inversa”, recomendam.
Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders