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Jovens são os que mais se queixam de discriminação no trabalho por causa da idade

Mais de um quarto dos jovens trabalhadores denunciam discriminação em função da idade durante todas as fases do emprego, ou seja, do recrutamento à promoção e ao despedimento, revela um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos

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17 ago, 08:00
Jovens a trabalhar
Jovens a trabalhar
Foto: Icons8 Team, Pexels

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Em média, os trabalhadores portugueses relatam níveis relativamente baixos de discriminação com base na idade. No entanto, 33,5% relataram níveis moderados e elevados deste tipo de discriminação. Os mais jovens (18-35 anos) referiram os níveis mais elevados de perceção de discriminação: 42,3% referiram níveis moderados ou elevados em comparação com 28,6% dos trabalhadores de meia-idade e 25,6% dos trabalhadores mais velhos. Esta discriminação verifica-se em todas as fases do emprego, do recrutamento à promoção ao despedimento.

Estas são algumas das conclusões de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), que foi revelado hoje, Dia Internacional da Juventude, e que pretende perceber melhor a natureza e as consequências dos preconceitos dirigidos aos trabalhadores em função da idade.

estudo “Compreender o idadismo em relação aos trabalhadores mais jovens e mais velhos”, coordenado por David Patient, professor catedrático de Liderança na Vlerick Business School (Bélgica), realça que “o idadismo continua a ser pouco estudado, especialmente quando se trata de preconceitos direcionados aos mais jovens”.

Segundo o estudo, as decisões de recursos humanos e de pessoal que envolvem trabalhadores mais jovens e mais velhos são frequentemente enviesadas em função da idade – “está provado que o idadismo afeta estas as decisões”.

Alguns dos estereótipos em relação aos trabalhadores mais jovens incluem descrições como sendo pessoas pouco empenhadas, com pouca ética de trabalho, arrogantes e argumentativas (negativos), mas também orientadas para objetivos, conhecedoras de tecnologia, inovadoras, ansiosas e inteligentes (positivos). Além destes, há a generalização de que os jovens devem aceitar um estatuto inferior na organização e não desafiar a hierarquia ou o status quo.

Os autores tentaram também compreender o perfil dos comportamentos idadistas em relação aos trabalhadores mais jovens, concluindo que estes estereótipos são mais suscetíveis de serem subscritos por trabalhadores de meia-idade e, sobretudo, mais velhos e por trabalhadores com opiniões ligadas ao espectro ideológico da direita conservadora.

A dimensão, o setor de atividade e a localização das organizações não afetaram o idadismo no local de trabalho. No entanto, os trabalhadores de organizações com uma cultura mais flexível e moderna referiram menos discriminação em função da idade. Curiosamente, nem o género nem o nível de educação afetou o sentimento de discriminação com base na idade.

Ainda de acordo com o estudo, este tipo de discriminação pode constituir um obstáculo à retenção de talento e ao pleno aproveitamento dos trabalhadores mais velhos, podendo levar à reforma antecipada. Em relação aos mais jovens, pode levar a que não se sintam valorizados, que sejam considerados menos competentes, que tenham menos oportunidades de desenvolvimento, bem como que tenham salários mais baixos e menos acesso a benefícios, e que sofram perturbações no equilíbrio entre vida profissional e privada. Além disso, “esta situação pode levar a mais conflitos interpessoais no local de trabalho, menor satisfação no trabalho, maior desejo de abandonar a organização, aumento dos níveis de stress, pior saúde mental e física em todos os grupos etários”, aponta a investigação.

Os autores deixam claro que, com o rápido envelhecimento da população e com os desafios que isto coloca ao mercado de trabalho, o combate ao idadismo deve ser uma prioridade em Portugal. Os decisores políticos devem ter como prioridade iniciativas para combater a discriminação com base na idade, de forma a construir uma sociedade mais equitativa e inclusiva, sugerem.

“Uma vez que é a qualidade do contacto interpessoal, e não a sua frequência, que melhora as atitudes e as relações entre trabalhadores de gerações diferentes, deve-se promover a criação de oportunidades de contacto intergeracional positivo nas organizações através, por exemplo, de atividades de formação de equipas intergeracionais, bem como de programas de mentoria e de mentoria inversa”, recomendam.

 

Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders

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