Falta de ar, fadiga e tosse seca persistente são os principais sintomas de uma doença cuja progressão é “irreversível”. Quem o diz é o médico António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), referindo-se à fibrose pulmonar.
O importante a reter é que não deve adiar a ida a um médico na presença destes sintomas, já que a identificação e tratamento precoces atrasam a progressão da doença que, infelizmente, é irreversível. Este é um alerta da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPF) e a associação Respira, com o apoio da Boehringer Ingelheim, neste que é o mês de Sensibilização para a Fibrose Pulmonar.
O grande objetivo, prossegue o presidente da SPP, “é o diagnóstico precoce, para que se possa intervir terapeuticamente antes que o doente já tenha uma perda funcional que se traduz em perda de qualidade de vida, sobretudo no que diz respeito à tolerância ao esforço”, que é, de acordo com o especialista, ”irrecuperável”.
"Fibrose" significa formação de cicatrizes nos mesmos, que é uma doença que pode ter impacto em diferentes áreas da vida e impedir a realização de muitas atividades, algumas mesmo básicas ou que se agravam com o tempo.
O diagnóstico que nem sempre é fácil, motivo pelo qual foi lançada uma campanha, dirigida não só à população em geral, mas também aos profissionais de saúde. José Alves, presidente da FPF, confirma essa dificuldade “pela ausência de queixas específicas”. E realça a sua importância: “existem novos medicamentos cuja utilização, de um modo geral, impede a progressão da doença”.
Já a progressão da doença, como refere José Albino, presidente da associação Respira, está “associada a uma diminuição da capacidade de esforço e a uma sensação de asfixia, o que acentua a limitação e a dependência de terceiros. Os doentes enfrentam desafios enormes, que podiam ser minimizados com um tempo de espera menor pelo diagnóstico, já que pode levar anos.
Para José Alves, evitar que isto aconteça passa por “alertar, quer a população geral para os primeiros sintomas, quer os médicos de família para os primeiros sinais”, sendo importante que todos os médicos estejam atentos.
A literacia em saúde no nosso país deve ter, reforça António Morais, “um impulso significativo”, com destaque para a partilha dos sinais e sintomas das doenças, nomeadamente aquelas que não são tão comuns, como a fibrose pulmonar. “Relativamente aos profissionais de saúde, é importante manter a sensibilização que, perante uma dispneia de esforço, a fibrose deve estar na equação do diagnóstico diferencial”, acrescenta.