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Ucraniana Releaf recolhe folhas dos parques das cidades e transforma-as em papel

Reduzir o impacto ambiental da indústria do papel é o objetivo dos jovens ucranianos que, devido à guerra, deixaram o seu país e escolheram Paris para desenvolver a Releaf Paper

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3 ago, 09:37
Folhas caídas
Folhas caídas
Foto: Scott Webb, Unplash

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Aproveitar as folhas caídas das árvores e transformá-las em papel foi o ponto de partida da startup ucraniana criada em 2021 por uma dupla de jovens, um cientista, Valentyn Frechka, e outro empreendedor, Alexandre Sobolenko. A Releaf Paper, que começou como um projeto de pesquisa, criou um processo de extrair fibras das folhas e criou um protótipo funcional para produzir papel e embalagens.

Através da combinação de processos químicos e mecânicos, a Releaf produz uma tonelada de celulose a partir de 2,3 toneladas de folhas mortas. Normalmente, seriam necessárias 17 árvores para produzir a mesma quantidade. A recolha das folhas resulta da colaboração da start-up com cidades em toda a Europa que doam as folhas mortas que recolhem das ruas e parques públicos.

O processo utilizado pela Releaf envolve remover quaisquer compostos sólidos das folhas, secá-las e então transformá-las em pellets. Isso permite que armazenem a matéria-prima todo o ano e garantam um ciclo de produção contínuo. Posteriormente, os pellets são convertidos numa fibra especial que forma a base do papel. A polpa resultante é prensada e enrolada em folhas de papel.

“Estamos a trabalhar apenas com as folhas que retiramos das cidades porque não podemos usar as folhas da floresta. Numa cidade, é um resíduo verde que deve ser recolhido. Realmente é uma boa solução porque estamos a manter o equilíbrio – obtemos fibras para fazer papel e devolvemos o desperdício como um semi-fertilizante para as cidades fertilizarem os jardins ou as árvores. Então é um modelo win-win”, explicou Valentyn Frechka.

A Releaf Paper afirma que o seu processo de produção emite menos 78% de CO2 do que a produção tradicional e usa 15 vezes menos água. Além disso, a Releaf Paper assegura que o papel feito com folhas degrada-se no solo em 30 dias, enquanto o período de degradação do papel comum é de 270 dias ou mais.

Em 2022, devido à guerra na Ucrânia, a Releaf abriu um escritório em França, na Station F, e começou a recorrer a fábricas contratadas para produzir os seus produtos com base na sua tecnologia. Em pouco tempo, transformou-se numa start-up de dimensão internacional, com escritórios em Paris e em Kiev.

Atualmente, comercializa papéis de 70 a 300 g/m² adequados para serem usados como papéis de embalagem (sacos ou envelopes para comércio eletrónico, por exemplo), ou embalagens de papelão (caixas de papelão ondulado, caixas de ovos, etc). Produz cerca de três milhões de sacos de compras por mês e na sua lista de clientes tem marcas como a L’Oréal, a Samsung, a LVMH, a Google ou Schneider Electric.

Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders

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