Também ficou sem reação? A verdade é que este método não é uma novidade: beber urina tem sido, ao longo da história, visto por alguns como uma terapia natural com alegados benefícios para a saúde. Conhecida como urofagia ou terapia da urina, esta prática continua a ser seguida por figuras públicas e defensores de medicinas alternativas, apesar da falta de provas científicas que sustentem as suas alegadas vantagens.
Segundo indica o site The Conversation, Ben Grylls, conhecido por programas de sobrevivência, afirma recorrer à urina em situações extremas. O pugilista mexicano Juan Manuel Márquez fê-lo durante o treino para um combate em 2009. E o ex-primeiro-ministro da Índia, Morarji Desai, bebia um copo por dia como forma de manter a saúde.
Historicamente, a urina foi usada na medicina ayurvédica, um sistema de medicina alternativa desenvolvido na Índia, para tratar desde asma até cancro. Na Roma Antiga, acreditava-se que ajudava a branquear os dentes, devido à presença de amónia. No século XX, o naturopata britânico John W. Armstrong publicou um livro onde defendia que beber e aplicar urina na pele curava doenças graves.
Mas afinal, o que contém a urina? Composta por 95% de água, 2% de ureia e o restante por sais, creatinina e resíduos, é um fluido através do qual o corpo elimina tudo o que não precisa – incluindo toxinas, excesso de vitaminas e até vestígios de medicamentos. Se é um produto de excreção, o seu consumo pode trazer mais riscos do que benefícios.
Alguns defensores acreditam que a urina ajuda a reforçar o sistema imunitário, a desintoxicar o organismo ou a melhorar a pele. Porém, não há evidência científica que comprove qualquer um destes efeitos. A ureia, por exemplo, é usada em cosmética, mas a concentração presente na urina humana é demasiado baixa para produzir resultados visíveis. O mesmo se aplica a outras substâncias como a desidroepiandrosterona (DHEA), uma hormona associada ao envelhecimento.
Pior ainda, há riscos associados: a urina pode conter bactérias, especialmente depois de sair do corpo, podendo provocar infeções. Além disso, como contém sal, beber urina pode acelerar a desidratação – tal como a água do mar. E, no caso de quem toma medicação, ingerir urina pode provocar acumulação de substâncias no organismo.
A ciência é clara: não há qualquer base científica que justifique a prática da urofagia. Embora beber pequenas quantidades não seja, à partida, perigoso, os potenciais riscos superam largamente os benefícios não comprovados.