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Quem é Marina Machete? Por ser a primeira mulher trans eleita Miss Portugal está a ser vítima de uma onda de ódio

A hospedeira de bordo de 28 anos fez história ao transformar-se na primeira mulher transgénero a vencer a competição de beleza

IOL
9 out 2023, 14:54

Marina Machete, uma hospedeira de bordo de 28 anos, vai representar Portugal em novembro, em El Salvador, no concurso Miss Universo, depois de vencer a competição a nível nacional, o que lhe deu o título de Miss Portugal. A sua eleição está a dar que falar (incluindo na imprensa internacional), pelo facto de se tratar da primeira mulher transgénero a ser distinguida com este título. É a terceira mulher trans a concorrer a Miss Universo.

A jovem é de Palmela e, como conta na primeira pessoa no vídeo de apresentação da competição, gosta de “fazer as pessoas rir” e de estar rodeada por quem a faz “feliz”. Gosta de passar tempo na natureza e adora animais por serem aqueles que sempre mostraram o mesmo amor em qualquer das etapas da sua vida.

Marina é hospedeira de bordo há cinco anos, o que lhe trouxe a possibilidade de “abrir horizontes”, mas também de observar como as diferentes culturas lidam com pessoas trans. “Como mulher trans, enfrentei muitos obstáculos no meu caminho. Mas, felizmente e em especial com a minha família, o amor provou ser mais forte do que a ignorância”, diz, sublinhando o nível de transfobia e preconceito que têm vindo a aumentar no mundo, fazendo soar os alarmes a nível global.

A jovem, que diz ter sofrido bullying na escola e que trabalhou sempre para defender os seus direitos, elogia a organização da Miss Universo por ser “inclusiva” e ter o poder de “quebrar barreiras.”

Porém, a eleição de Marina fez espoletar uma onda de comentários transfóbicos nas redes sociais. Até a Câmara Municipal de Borba, cidade alentejana onde teve lugar o Concurso Nacional de Beleza, foi obrigada a fazer uma nota de repúdio aos comentários deixados por vários seguidores nas redes sociais do município. “Uma noite de glamour, elegância, beleza e sofisticação não pode ser abalroada por comentários de puro ódio. Assim, o Município manifesta a sua total reprovação pelos comentários discriminatórios, homofóbicos e ofensivos que têm sido escritos nas redes sociais do Município de Borba”, pode ler-se numa publicação na página oficial do concelho.

“Os cidadãos têm o direito e liberdade de se expressar, e concordamos que esse é um dos direitos fundamentais da nossa sociedade. No entanto, a liberdade de cada um termina quando começa a liberdade do outro”, escreve ainda a vereadora borbense Sofia Alexandra Dias.

Sobre os comentários de ódio, a ILGA Portugal, a mais antiga associação de intervenção lésbica, gay, bissexual, trans e intersexo em Portugal, recomenda a quem vir “conteúdo em que pessoas estão a ser vítimas de violência, sejam elas pessoa LGBTI+ ou não”, para parar e pensar antes de partilhar, mesmo que a intenção seja a melhor. “Na maior parte das vezes essa partilha vai magoar apenas a pessoa que foi vítima, expondo-a num momento vulnerável e obrigando-a a reviver um momento traumático”, explica a associação. Veja o que deve fazer:

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