Como está a saúde mental dos portugueses? O estudo Saúde Mental em Tempos de Pandemia (SM-COVID19), do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge em colaboração com a Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, publicado em 2021, deixa perceber como a pandemia marcou a saúde mental dos portugueses. Mais de um terço da população (34%) apresentava, por exemplo, sinais de sofrimento psicológico. Valor que subia para 45% entre os profissionais de saúde inquiridos.
A ansiedade, com sintomas moderados a graves, afetava 27% dos entrevistados e os sinais de depressão foram identificados em 26%, a mesma percentagem de quem manifestava indicadores de perturbação de stress pós-traumático. Mas há mais.
Em todo o mundo, uma pessoa suicida-se a cada 40 segundos. O suicídio não escolhe idade, género ou classe social. Em Portugal, é a causa de morte de, pelo menos, três pessoas todos os dias.
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O certo é que os problemas continuam. Os eventos extremos causados pelas mudanças climáticas parecem não dar trégua e os conflitos armados entre países também não. Os desafios que provavelmente teremos de enfrentar em 2024 continuarão a ser grandes e complexos e exigem de cada um de nós resiliência e uma atenção extra à nossa saúde mental.
Tendo em conta este cenário, nada como o novo ano para nos ajudar a tomar algumas decisões e resoluções para cuidar da saúde mental. Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, da Faculdade de Medicina do ABC, partilha três estratégias que o podem ajudar a tornar o seu ano mais leve e que vão além do praticar exercício físico, manter uma alimentação saudável e respeitar as horas de sono.
1. Cuide mais de si
Autocuidado significa reservar tempo para fazer coisas que o ajudem a viver bem e a melhorar a sua saúde física e mental. Isto não significa ser egoísta, mas olhar para nós mesmos como se fôssemos a pessoa mais importante do mundo. Mesmo pequenos atos de autocuidado na sua vida diária podem ter um grande impacto.
2. Dê mais atenção à espiritualidade
Espiritualidade não tem o mesmo significado para todas as pessoas. Umas preferem, por exemplo, expressar a sua espiritualidade numa religião ou forma de crença. Mas para Arthur Guerra espiritualidade tem tudo a ver com saúde mental, pois ajuda-nos a entrar em contato connosco mesmos na procura pelo sentido da vida. Bem-estar espiritual é uma das facetas da qualidade de vida. E saúde mental nada mais é do que esse estado de boa disposição mental que nos possibilita navegar com mais leveza neste mundo frenético em que vivemos.
Para quem pertence a uma religião, Arthur Guerra sugere ir pelo menos uma vez por ano ao seu local de culto. Pode ser a igreja católica, a sinagoga, um centro espiritual … não importa. Esta é uma maneira de se reconectar com a sua espiritualidade, garante o professor.
3. Faça um gesto a quem pensa e é diferente de si
O mundo vive uma era de grandes polarizações, que divide famílias e amigos. Cada grupo parece querer só se relacionar com aqueles que pensam e agem de forma igual.
É possível quebrar esse círculo vicioso? Faça um gesto a quem pensa e é diferente de si. Escolha uma pessoa. Pode felicitá-la pelo seu aniversário ou, no fim do ano, desejar-lhe um feliz ano novo, por exemplo. Também lhe pode fazer um elogio, se ela fizer algo positivo. Não importa a maneira que encontra de se aproximar dela. O que interessa é que saiu do seu lugar numa tentativa de aproximação.
Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders.