O mundo empresarial assistiu nos últimos ao aparecimento de um novo termo associado quer aos trabalhadores quer às lideranças: o burnout. Diferente da depressão, está, regra geral, associado ao esgotamento e ao cansaço extremo. Contudo, assim como as pessoas não se sentem esgotadas da mesma maneira, também o burnout pode assumir vários tipos e manifestar-se de formas diferentes em cada pessoa. Daí a importância de identificar corretamente qual o tipo de burnout que o está a afetar para agir em conformidade.
A Harvard Business Review publicou um artigo da coach executiva Melody Wilding (e autora do “Trust Yourself: Stop Overthinking and Channel Your Emotions for Success at Work”) onde esta, além de identificar três tipos de burnout, também explica qual a melhor maneira de lidar com cada um deles.
Burnout por sobrecarga
Esta é a versão mais frequente de burnout. Tendencialmente, acontece quando se trabalha freneticamente para alcançar o sucesso, frequentemente prejudicando a saúde e a vida pessoal. De acordo com a coach, afeta sobretudo trabalhadores altamente dedicados que se sentem compelidos a um ritmo muito acelerado.
Melody Wilding aponta como sinais o facto de os trabalhadores ignorarem as suas próprias necessidades e a vida pessoal para satisfazer as exigências laborais; de investirem demasiado no compromisso com a carreira ou ambições; ou ainda de colocarem em risco o bem-estar pessoal para atingir os objetivos.
De forma a ultrapassarem esta situação, a coach recomenda que as pessoas desenvolvam capacidades de regulação emocional e modifiquem a crença de que precisam trabalhar sem descanso, para terem sucesso. Além disso, é fundamental separar a autoestima do trabalho, ou seja, aprender a manter distância do trabalho, evitando um envolvimento excessivo de forma a evitar o esgotamento.
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Burnout subdesafiado
Neste caso, o que sucede na maioria das vezes é que o trabalhador está entediado, isto é, não é estimulado nas atividades que desenvolve, o que conduz a um sentimento de desmotivação. Quem passa por este tipo de situação, perde facilmente a paixão pelo que faz. Fica distraído ou torna-se letárgico. Neste caso, existem alguns sinais a observar, por exemplo, se o funcionário deseja trabalhar em tarefas mais desafiadoras, se sente que o trabalho não oferece oportunidades de desenvolver suas competências, ou ainda se acredita que o seu papel atual está a prejudicar a sua capacidade desenvolver os seus talentos.
A recomendação de Wilding passa por criar metas para aprender uma nova habilidade e impulsionar a sua motivação. Comece aos poucos, sem se sobrecarregar, a aprender, por exemplo, um novo idioma. A sua aposta em termos de aprendizagem não tem de estar relacionada com o trabalho propriamente dito, mas a inspiração que vai buscar com a nova ocupação pode revigorar o envolvimento nos afazeres profissionais.
Burnout por negligência
Este acontece quando o trabalhador não tem direção ou orientação suficiente no local de trabalho, o que pode levar a que este se sinta incapaz de responder às expetativas, contribuindo para sentimentos de frustração. O trabalhador sente-se incapaz de encontrar soluções para situações difíceis. Alguns indicadores deste cenário ocorrem quando este deixa de tentar quando as situações de trabalho não saem como planeado, quando desiste perante obstáculos ou contratempos, ou ainda quando se sente desmoralizado quando se levanta para enfrentar um novo dia de trabalho.
Enfrente o problema e comece por identificar as situações em que sente uma intensa sensação de ressentimento já que esse é um sinal emocional de que precisa de estabelecer limites mais saudáveis, explica Melody Wilding. Pondere também confrontar as suas chefias sobre a carga de trabalho, para saber quais as prioridades e perceber o que deve fazer. A coach executiva aconselha que fora do horário de trabalho, seja otimista, crie rotinas e rituais que o fundamentem, como uma caminhada diária, por exemplo. Isto porque, sempre que se sentir impotente com as mudanças no trabalho, alguma aparência de previsibilidade é essencial.
Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders