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Filhos únicos: ciência explica o impacto de não ter irmãos

Costuma dizer-se que são mais egoístas, mandões, ciumentos e mais mal-humorados. Mas será realmente assim?

IOL
2 out 2023, 16:12
Criança feliz Foto: Gabriel Baranski, Unsplash
Criança feliz Foto: Gabriel Baranski, Unsplash

Ser filho único raramente é visto como algo positivo. Há uma ideia enraizada na sociedade de que quem não tem irmãos tem tendência a ser mais egoísta, socialmente desajeitado, ciumento e até mal-humorado. No fundo, os filhos únicos têm má reputação. Mas será que a fama vem acompanhada do proveito?

O preconceito está enraizado, mas a ciência não o valida. Afinal, parece que os filhos únicos não são muito diferentes de crianças que crescem com irmãos. A conclusão é apresentada à BBC Mundo por Alice Goisis, professora na área de demografia na University Colege of London. Estas crianças são “comparáveis em termos de personalidade, relação com os pais, conquistas, motivações e adaptação pessoal com crianças que têm irmãos”, salienta a investigadora.

Um estudo realizado pela professora e outros profissionais mostrou que há fatores muito mais relevantes que influenciam diretamente o desenvolvimento da criança. A situação económica da família e os recursos emocionais dos pais têm maior impacto do que se a criança tem ou não irmãos.

Ainda assim, parece haver vantagens e desvantagens em ser-se filho único.

Vantagens de se ser filho único

Embora ser-se filho único não tenha um impacto significativo, não significa que não tenha qualquer influência. A psicóloga clínica Linda Blair disse à BBC Mundo que, por exemplo, os filhos únicos parecem ter melhores capacidades linguísticas já que as absorvem mais dos pais e não dos irmãos nos primeiros 24 a 36 meses de vida. Isto parece dar uma vantagem académica a quem não tem irmãos.

Filhos únicos também se costumam relacionar melhor com pessoas mais velhas e têm melhor capacidade de gerir o seu tempo livre já que não o dividem com irmãos.

Desvantagens de se ser filho único

E se há vantagens, também há desvantagens. Para Adriean Mancillas, psicóloga, os irmãos acabam por ter um efeito protetor quando há uma relação parental mais disfuncional, o que faz com que o impacto negativo não seja tão mau como poderia ser.

Blair refere que uma deficiência identificada em filhos únicos é falta de esperteza de rua – o termo mais usado é “street smart” -, um tipo de inteligência que permite reconhecer e prever comportamentos de outras pessoas da mesma idade. Filhos únicos normalmente não se sentem confortáveis no caos.

Estas características, apesar de serem identificadas em filhos únicos com mais frequência, estão longe de ser transversais a todos. Não há regras e cada criança vai desenvolver-se de maneira diferente independentemente de ter irmãos ou não.

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