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“Não atendi o telefone no dia em que o meu irmão desapareceu.” Suzi vive com culpa “insuportável” por gestos que todos já tivemos

Uma chamada adiada (quem nunca o fez?) tornou-se o maior arrependimento da vida desta mulher

IOL
16 nov 2023, 11:27
Shaune com a irmã Suzi Foto: Facebook Página Justice For Missing Shaune Jones Age 49
Shaune com a irmã Suzi Foto: Facebook Página Justice For Missing Shaune Jones Age 49

Foi a 21 de junho de 2017 que Suzi Maltwood recebeu a última chamada do irmão. Era um dia complicado no trabalho, e Suzi optou por ignorar o telefone, prometendo a si mesma que retornaria o contacto assim que as coisas aliviassem. Quando finalmente conseguiu fazê-lo, a chamada não foi atendida, nem nenhuma depois disso.

A saúde mental de Shaune, na altura com 45 anos, não estava bem há algum tempo e Suzi estava a dar apoio ao irmão. Como tal, falavam praticamente todos os dias. “Naquele dia, eu estava a fazer algumas horas no trabalho para compensar o tempo que tive de tirar para o apoiar. Agora vivo com uma quantidade insuportável de culpa”, conta Suzi ao Metro.co.uk.

Ainda hoje, seis anos passados, Suzi pergunta-se se o desfecho desta história teria sido diferente se ela simplesmente tivesse atendido o telefone quando este tocou.

De acordo com o Metro, apesar dos problemas com a sua saúde mental, Shaune, que é pai de cinco e tem já uma neta, estava otimista em relação ao seu futuro. Morava em Eltham, no Reino Unido, e era gerente de vários negócios em Londres.

Suzi conta que o pânico só chegou realmente uma semana depois de não saber nada de Shaune. Nos primeiros dias, acreditava que ele voltaria para casa. “É difícil descrever exatamente como me senti porque foi como ter toda a minha vida virada do avesso. Mas no meio de todo o pânico e preocupação, eu sempre tive esperança de que um dia ele voltasse para casa”, conta.

Desde que Shaune desapareceu que a família não parou de procurar por ele. No início, foram a espaços para sem-abrigos, imprimiram a fotografia dele na Big Issue, um dos maiores jornais de rua do Reino Unido, e partilharam constantemente publicações sobre o desparecimento de Shaune nas Redes Sociais.

Ao longo dos seis anos, não houve qualquer pista em relação ao paradeiro de Shaune. Não há registos no banco, nem consultas em médicos. Nem a carta de condução nem o passaporte foram usados. e a Interpol já confirmou á família que ele não terá deixado o país.

“A parte mais assustadora é que há uma hipótese de nunca saberemos o que é que lhe aconteceu e não vai haver encerramento até que saibamos”, refere Suzi. A família já põe a hipótese de declarar Shaune como morto quando fizer sete anos desde que desapareceu.

Este ano, uma nova campanha da Missing People vai incluir a história de Shaune e a família voltou a ter esperança de que receberá alguma informação. A campanha é uma parceria com a empresa de transporte ferroviário Govia Thameslink Railway (GTR) e vai mostrar a fotografia de uma pessoa desaparecida sempre que os clientes utilizarem o Wi-Fi dos comboios.

“A exposição nas páginas de login Wi-Fi da GTR pode refrescar a memória de alguém. Basta apenas uma pessoa para ajudar a trazê-lo para casa, para nós.”

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