Simular operações e várias práticas clínicas num ambiente totalmente controlado são algumas das possibilidades que o centro de simulação do Hospital da Luz oferece a empresas e start-ups que queiram testar ou desenvolver os seus produtos.
Numa das salas encontramos uma mãe que deu à luz um bebé prematuro e noutra o Domingos, uma criança. Estes são apenas alguns dos manequins fictícios que encontramos no centro de simulação de última geração que está situado no piso -1, do novo edifício do Hospital da Luz Lisboa, e que conta com uma área de 1 300 m2.
Neste espaço, as start-ups e as PME (pequenas e médias empresas) podem experimentar, testar e desenvolver produtos, serviços ou soluções que respondam aos desafios do setor da saúde e impactem a sociedade. As candidaturas estão abertas de forma ininterrupta, dando, assim, a oportunidade de se inscreverem em qualquer altura do ano.
Para ser o mais real possível, os manequins têm expressões faciais, viram a cara, respondem e até permitem fazer testes de glicemia, proporcionando um verdadeiro ambiente hospitalar.
Segundo Nuno André Silva, Head of Innovation and Data Sciense do Hospital da Luz Learning Health, “o treino baseado em simulação permite uma aprendizagem em ambiente seguro, realístico e previsível, sem pôr o doente em risco. Pretendemos neste espaço responder às necessidades de formação prática das várias especialidades médicas, de enfermagem e de outros grupos profissionais ligados à área da saúde. Para tal, contamos com 11 salas de simulação avançada, 4 salas de briefing, utilização de avançada tecnologia e uma equipa de peritos em simulação”.
Procuram-se projetos em áreas como saúde e bem-estar, excelência operacional e sustentabilidade. “Cada área-chave contribui para a nossa abordagem holística de impulsionar o progresso e de promover o crescimento no setor da saúde”, salienta Nuno André Silva.
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Infraestrutura e equipamentos de última geração
Com o objetivo de tornar a visão dos empreendedores numa realidade tangível e tendo sempre uma abordagem estruturada e científica que crie evidência, a IHP disponibiliza as suas infraestruturas, equipamentos, mas também o conhecimento.
“As salas são versáveis – hoje temos aqui obstetrícia, mas se alterarmos o set up conseguimos ter outro tipo de salas e simular, por exemplo, ortopedia, neurocirurgia”, explica o responsável pela área de Inovação do Hospital da Luz Learning Health.
Na sua perspetiva, “a dificuldade de introduzir inovação na área da saúde está relacionada com a complexidade do sistema, nomeadamente ao nível do diagnóstico, do tratamento, de quantos médicos precisam de ser requisitados para tomar uma decisão, quem é que financia. É um sistema altamente complexo e é sobre esta ótica que intervimos”, explica Nuno André Silva, referindo que “as start-ups tem também dificuldade de mostrar valor”.
Além disso, segundo o responsável, “o contexto regulamentar tem evoluído bastante. Mais recentemente houve uma alteração para os dispositivos médicos com regulamentação europeia que está a ser implementada ao nível nacional que também traz alguma incerteza e que torna a vida das start-up um pouco complicada. Se estas querem ter um dispositivo com marcação CE para depois conseguirem entrar no mercado, como é que fazem este processo se não tiverem conhecimento?”.
Foi com base nestes desafios que surgiu este projeto. A Intelligent Health Platform nasce do consórcio formado pelo Hospital da Luz Learning Health – responsável, no grupo Luz Saúde, pelas áreas de formação, investigação e inovação – e o Hospital da Luz. Pertencente à Rede Nacional de Test Beds, coordenada pela Estrutura de Missão Portugal Digital e financiada pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, a IHP é uma Test Bed que tem como missão acelerar a criação de evidência com impacto no sistema de saúde, apoiando o desenvolvimento e teste de soluções disruptivas.
Quando questionado sobre a adesão na fase de pré-lançamento da Test Best, Nuno André Silva revela que tem sido muito expressiva, mas, adianta, “continuamos a trabalhar fortemente para chegar aos 50 testes-piloto de produtos inovadores. Estamos, por isso, de portas abertas para receber o ‘the next big thing’ em matéria de inovação no setor”.
Como funciona o processo de candidaturas
Durante a submissão da candidatura, seleção, piloto e avaliação, a equipa da Test Bed assegura um acompanhamento permanente das start-ups e PME com um gestor dedicado e uma equipa de advisors, sendo que os projetos piloto serão desenhados à sua medida e terão uma duração preferencial de três meses, explica Raquel Araújo, Innovation Manager do Hospital da Luz Learning Health, que também nos acompanhou nesta visita ao Centro de Simulação.
São disponibilizados três ambientes de última geração. No In Silico Lab, infraestrutura digital, as start-ups ou PME terão acesso a uma base de dados uniformizada, anonimizada, curada e organizada de acordo com standards internacionais, para treinar, testar e validar soluções suportadas em modelos de inteligência artificial (IA).
Já no Simulation Lab terão acesso a uma infraestrutura digital e física. O Centro de Simulação do Hospital da Luz Learning Health é uma réplica fidedigna de todas as áreas de um hospital, onde podem ser testados novos produtos em ambiente seguro.
O Living Lab, também uma infraestrutura física e digital, dará acesso ao Hospital da Luz – ambiente hospitalar real para teste e desenvolvimento de produtos.
A Intelligent Health Platform conta ainda com uma vasta rede de parceiros que inclui institutos de investigação, universidades, programas de aceleração e incubadoras de empresas.
Para submissão de candidaturas, as start-ups e PME devem aceder ao formulário da Test Bed Intelligent Health Platform ou contatar a equipa pelo email .
Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders