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Cérebro 'TikTok' afeta todos mas o impacto é muito maior nas crianças

O cérebro fica exposto a uma verdadeira “máquina de dopamina”

IOL
24 ago 2023, 17:31
TikTok Foto: Pixabay
TikTok Foto: Pixabay

Primeiro foi o TikTok. Vídeos de muito curta duração que, se ao terceiro segundo não nos agradam, passamos para o seguinte. É uma forma ‘gulosa’ de consumir conteúdos, como uma droga que nos enreda, sabe o que gostamos e vai dando cada vez mais. O sucesso da aplicação foi tão estrondoso, que o modelo acabou por ser replicado no Instagram com os Reels e no YouTube com os shorts.

Mas, que impacto tem no nosso cérebro este padrão de consumo acelerado e viciante? Além das consequências ao nível da saúde mental, já amplamente estudadas, este padrão pode ter um impacto muito negativo na atenção e capacidade de concentração. Jovens que utilizam muito estas redes desenvolvem geralmente dificuldade em “participar em atividades que não oferecem satisfação imediata”, escreveu a colunista da secção de família e tecnologia do The Wall Street Journal (WSJ), Julie Jargon, citada pela revista The Week.

Quando ficamos viciados nestes curtos vídeos, a procura por uma reação no sistema de recompensa do nosso cérebro conduz a uma navegação interminável pelos vídeos. Estas redes são verdadeiras “máquina de dopamina”, como explicou o pediatra John Hutton. A dopamina é um neurotransmissor que o cérebro liberta quando espera uma recompensa. “Uma inundação de dopamina reforça o desejo por algo agradável, seja uma refeição saborosa, uma droga ou um vídeo engraçado do TikTok”, explicou o especialista no WSJ.

A dopamina gera prazer e o cérebro é impelido a procurar por mais. “Quando desliza no ecrã e encontra algo que o faz rir, o seu cérebro recebe uma dose de dopamina”, explica a neuropsicóloga Sanam Hafeez ao site Bustle. “Quando vê algo de que não gosta, pode mudar rapidamente para outra coisa que produz mais dopamina”, explica. Repetir este ciclo pode vir a “treinar” o cérebro para desejar mais recompensas e de forma mais rápida.

As empresas detentoras destas redes sociais introduziram algumas medidas para tentar combater este problema junto dos mais novos. Mas, ao que tudo indica, não está a ser suficiente, Por exemplo, o TikTok não permite notificações após as 21h para utilizadores entre os 13 a 15 anos. A plataforma também cria vídeos periodicamente para lembrar os utilizadores de pararem de “deslizar” e saírem de casa.

A Google, dona do YouTube, já possui recursos para limitar o uso a menores de 18 anos, como desativar a reprodução automática para crianças e adolescentes. Lembretes para fazer uma pausa ou dormir também estão ativados por padrão para os jovens.

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