A inspiração e a atitude empreendedora dos primos Tiago Pinto, João Duarte e Ricardo Amaral deram origem a um projeto sui generis que ambiciona “repensar e adaptar o artesanato à sociedade atual”.
Assim nasceu o Projeto Serra, uma marca de outwear em que cada peça conta a história de uma serra nacional, das suas pessoas e dos seus ofícios, como explicou Tiago Pinto ao Link to Leaders. É também uma forma, diz, de retribuir às montanhas portuguesas a felicidade e alegria que tantas vezes lhes deram, nomeadamente em acampamentos escutistas, férias familiares ou passeios e trilhos.
O Projeto Serra era um sonho antigo que a pandemia permitiu que ganhasse forma e se acelerasse, explicou o jovem empreendedor Tiago Pinto. Tudo começou no verão de 2020, num acampamento na Serra da Freita, altura em que, conjuntamente com os dois primos, começou a desenhar o que hoje é o Projeto Serra. Nenhum tinha experiência na área do têxtil e, por isso, dedicaram o ano seguinte à descoberta desta indústria. “Sabíamos muito bem o caminho que queríamos seguir para a construção deste sonho e isso tornou todo o processo mais desafiante”, afirma.
A missão dos três jovens e do seu projeto era clara: “exclusivamente criar discussão, trazer para cima da mesa a portugalidade, as suas tradições e ofícios. Acreditamos muito que a nossa missão é falar, repensar e adaptar o artesanato à sociedade atual. Só assim as nossas tradições sobrevivem. Temos de as deixar viver e entrar na nossa rotina, vesti-las orgulhosamente. Se as deixarmos na vitrine de um museu, elas perdem-se”.
O projeto nasceu como uma marca do agasalho, já que o core começou por ser a malha polar. “Queremos ter as melhores peças polares. As peças que todos associem ao conforto, seja no campo ou na cidade. Queremos ser o aconchego. Isto não vamos largar”, salientou o seu cofundador.
Contudo, Tiago Pinto revela que “há sempre espaço para explorar novos caminhos e, para além das malhas polares, contamos já com um blusão inspirado pelos blusões dos pastores, uma t-shirt com uma checklist das serras de Portugal que vem com um kit de costura para bordar e dar check em cada serra que conquistam e ainda as meias, lenços dos namorados e bandeirolas. Tudo com a base nas serras e tradições”. E acrescenta: “acabamos por ser um pouco os motores do “merchandising” destes territórios”.
Os desafios de criar uma marca 100% nacional são enormes porque, lembra o empreendedor, “tudo é mais caro em Portugal e tudo é mais difícil. Não há margem de negociação nem de prazos enquanto marca pequena”. Nada que interfira com a as ambições dos três primos, que neste momento estão a testar alguns mercados da Europa Central, entre os quais a Alemanha, Holanda e Bélgica. “Queremos levar o Projeto Serra a todos porque sabemos que temos qualidade para competir com o que se faz lá fora”, concluiu Tiago Pinto.
De olhos postos no futuro, o Projeto Serra quer também continuar a alargar o portefólio de serras para abraçar cada vez mais territórios. Para já estão a mãos com o lançamento da nova coleção, onde arriscam nos modelos, cores e abordagens.
Apesar da excelente aceitação do projeto, Tiago Pinto reconhece que, neste setor, “é preciso acima de tudo paciência. Depois é investir bem, e muito, na criação de uma identidade de marca forte e com um propósito”. E defende que “tudo tem outra força quando é pensado, maturado e sentido. Já não chega produzir uma camisola com uma cor da moda, é preciso dar-lhe exclusividade e autenticidade”.
Este artigo foi escrito no âmbito da colaboração com o Link to Leaders.