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Mulher viciada em sexo durante 20 anos partilha o drama que viveu. E conta como ultrapassou

Erica Garza foi viciada em sexo ao longo de quase 20 anos e agora partilha o seu caso em jeito de alerta

IOL
14 set 2023, 16:32
Erica Garza Foto: Instagram @ericadgarza
Erica Garza Foto: Instagram @ericadgarza

Muito se fala no vício de drogas ou de álcool, mas há mais dependências e uma delas é pelo sexo. Erica Garza hoje é casada e tem uma filha de sete anos. Mas durante quase 20 anos da sua vida, entre os 12 e os 30 anos, foi viciada em sexo. Num testemunho cru e honesto, a mulher, agora com 41 anos, conta como foi viver com este vício.

“Quando se é viciado em sexo como eu fui por quase duas décadas da minha vida, nem sempre há um fundo do poço. Não perdi o meu trabalho, não acabei o meu casamento. Não gastei todo o meu dinheiro em prostitutos ou fiquei grávida de um estranho”, escreve num artigo para o I News. “Em vez disso, fiz os mesmos erros em quartos escuros e em bancos traseiros apertados apesar das vozes na minha cabeça dizerem para eu parar.”

Erica vem de uma família latina e católica que nunca falou com ela sobre sexo. Os professores também não ajudavam, dizendo que as relações sexuais deviam ocorrer apenas entre duas pessoas apaixonadas e para fazer bebés.

O vício por sexo de Erica começou quando tinha 12 anos e depressa se tornou uma muleta, uma forma de fugir a sentimentos menos confortáveis. Foi com esta idade que a mulher começou a masturbar-se, um ato que considerava pecado, mas que não conseguia evitar. Poucos meses depois, foi-lhe diagnosticada uma escoliose e foi obrigada a usar uma espécie de colete para corrigir a coluna e que era impossível de esconder com a roupa.

O bullying que começou a sofrer fez com que se virasse ainda mais para o seu prazer sexual. “Eu não gostava só de me masturbar. Eu precisava”, escreve. Os programas para adultos também começaram a ser uma fuga e quando a internet surgiu, também a pornografia passou a fazer parte do vício de Erica.

No início, o vício por sexo era solitário. Quando tirou o aparelho para a coluna e os rapazes começaram a reparar na adolescente, Erica começou a ter relações sexuais. Afinal, como explica, acreditava que a pornografia lhe tinha ensinado muita coisa sobre relações sexuais.

“Sabia todos os movimentos certos, manter um corpo sempre depilado e em forma como uma estrela porno e representava o papel de namorada perfeita e que gosta de agradar”, conta. “Era tranquila, nunca demasiado apegada e convencia-me que se algum rapaz descobrisse quem eu era por baixo do exterior divertido, iria fugir.” No entanto, quem fugia era Erica, nunca deixando que as relações se tornassem realmente sérias.

Para Erica, que agora já não tem estes comportamentos de vício em sexo, não houve um momento de quebra. Quando estava prestes a fazer 30 anos e depois de ter arruinado uma relação com uma pessoa de quem realmente gostava, decidiu que queria que a próxima década da sua vida fosse melhor do que a anterior. A ajudar a esta decisão esteve o filme “Shame”, de Steve McQueen, sobre um viciado em sexo e a primeira ida a uma reunião de Viciados em Amor e Sexo Anónimos.

Foi quando começou a perceber que não estava sozinha e que tinha o apoio das pessoas que começou a curar o seu vício.

Ao contrário de alguém viciado em drogas ou álcool que deixa completamente o vício de lado, quem é obcecado por sexo não deixa de ter relações sexuais para o resto da vida. Têm de encontrar um equilíbrio.

Erica agora é casada e tem uma filha de sete anos. Já não se considera viciada, mas o sexo continua a fazer parte da sua vida. Acredita que se a forma como abordaram o desejo e o sexo na sua vida tivesse sido diferente, o percurso que teve também teria sido.

“Poderia ter sido uma adolescente e uma jovem mulher sexualmente aventureira, mas não iria usar o sexo par preencher algo que apenas poderia ser preenchido se eu me amasse e me aceitasse. O melhor que posso fazer para compensar estes anos é gostar de mim agora. E quando a minha filha vier falar comigo com estas grandes questões, eu vou lembrar-me de como era e ser honesta com ela”, conclui.

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