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Cientistas desenvolvem vacina para baixar o colesterol. E deverá ser um tratamento mais barato

O colesterol elevado é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cérebro-cardiovasculares

IOL
3 jan, 13:08
Coração saudável Foto: Pressfoto, Freepik
Coração saudável Foto: Pressfoto, Freepik

Os níveis de colesterol elevados são um problema grave em Portugal. De acordo com o estudo ‘Prevalência de fatores de risco cardiovascular na população portuguesa’, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, divulgado em 2019, a prevalência de pessoas com colesterol total superior a 240 mg/dl em Portugal Continental é de mais de 30%, ou seja, atinge mais de 2 milhões de pessoas com idade entre os 18 e 79 anos.

O colesterol elevado é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cérebro-cardiovasculares, responsáveis por uma elevada taxa de morbilidade e mortalidade. Em Portugal, estas patologias são a principal causa de mortalidade, estando na origem de cerca de quase 32% das mortes.

Perante este problema, pode estar para chegar uma nova esperança para combater este flagelo, que resulta na maioria das vezes de vários hábitos poucos saudáveis. Trata-se de uma vacina desenvolvida por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, que promete vir a ser um método eficaz e mais económico para reduzir o colesterol LDL, conhecido como o colesterol mau, responsável por criar placas perigosas que podem bloquear os vasos sanguíneos.

Num estudo recente publicado na revista Nature, concluiu-se que esta vacina conseguiu reduzir o colesterol ‘mau’ com níveis de eficácia aproximados aos medicamentos conhecidos como inibidores de PCSK9, que são terapêuticas bastante caras.

“Estamos interessados em tentar desenvolver outra abordagem que seja menos dispendiosa e de aplicação mais ampla, não só nos Estados Unidos, mas também em locais que não têm recursos para pagar terapias muito caras”, explicou o cientista Bryce Chackerian, que liderou a equipa que desenvolveu a vacina.

Para uma condição com um impacto global tão grande, seria de esperar que os tratamentos fossem mais acessíveis. Mas, Abinash Achrekar, cardiologista e professor na Universidade do Novo México, refere numa notícia da própria faculdade que essa não é a realidade e que é testemunha disso na primeira pessoa.

“Sou cardiologista e tenho colesterol alto”, afirma. “Fui diagnosticado quando era jovem, com cerca de 16 anos.” Atualmente, o médico é tratado com a injeção monoclonal PCSK9, que tem como alvo uma molécula produzida no fígado que circula pela corrente sanguínea e regula negativamente o metabolismo do colesterol LDL.

Estas injeções reduzem o colesterol ‘mau’ em cerca de 60%, mas são caras. No caso da vacina, o cenário seria diferente. “O sistema imunitário produz uma resposta de anticorpos muito forte contra essa proteína que está envolvida no controlo dos níveis de colesterol”, explica. “Nos animais que vacinámos, observámos grandes reduções nos níveis de colesterol – até 30% – e isso estará relacionado com a redução do risco de doenças cardíacas”, refere.

Nos últimos 10 anos, a vacina foi testada em ratos e macacos com resultados promissores. Chackerian disse que o próximo passo é encontrar financiamento para avançar com a produção de vacinas e testes clínicos em humanos.

“Esperamos ter uma vacina aplica a pessoas nos próximos 10 anos”, referiu ainda na secção de notícias da universidade.

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